Lisiani Rotta

Arthur Conan Doyle

Devido ao seu fracasso como médico, dedicou-se à escrita. Esperava que os romances históricos fossem seu legado literário, mas grande parte, mesmo enquanto ele estava vivo, não foram nem lidos. No entanto, teve sucesso numa criação que modificou para sempre o meio editorial: o mais popular detetive da História.

Nascido na Escócia, em 22 de maio de 1859, Conan Doyle levou a vida de um gentleman inglês. Seu nome foi uma homenagem da mãe ao rei Arthur. Ela cresceu lendo os romances de Charles Dickens e Sir Walter Scott. O jovem Arthur estudou Medicina na Universidade de Edinburgh, trabalhou como médico num navio até se instalar em Portsmouth, na Inglaterra, terra natal de Dickens.

Conan Doyle tinha dificuldade de ir à caça de pacientes, preferia depender dos acidentes de trânsito para manter a prática. Casou-se com Louise, irmã de um de seus pacientes, em 1885. Começou, nesta época, a escrever histórias de mistério. Mudou-se para Viena para estudar oftalmologia, mas suas esperanças de ganhar algum sustento como médico de olhos também foram por água abaixo por falta de pacientes. Voltou a escrever histórias de mistério para poder pagar as contas.

Sherlock Holmes não foi um sucesso do dia para a noite. Só em 1891, quando uma nova revista chamada The Strand começou a publicar as aventuras de Holmes em forma de folhetim, o personagem caiu nas graças do público. A inspiração veio de um personagem real, um velho professor da universidade chamado Joseph Bell.

A carreira de Conan Doyle então, decolou. Ele escreveu 24 histórias, até se cansar do personagem e matá-lo no romance “O problema final”, de 1893. Holmes era um sucesso tão grande que os fãs se aglomeraram na frente da casa de Doyle para protestar contra o assassinato. Algumas pessoas portavam braçadeiras pretas, de luto pelo falecimento do detetive. Conan Doyle foi forçado a trazer Holmes de volta à vida em 1902, com um considerável benefício à sua conta bancária.

Nesta época ele já havia desistido da Medicina e se apaixonado por outra mulher, porém o relacionamento era platônico em respeito à sua primeira esposa que estava com tuberculose. Só após o falecimento de Louise, em 1906, ele se casou com Jean Leckie.

Conan Doyle tornou-se uma celebridade internacional e passou a se dedicar a causas mais mundanas: envolveu-se em dois famosos casos criminais, ajudando a chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas por dois homens que ele acreditava terem sido acusados injustamente. Redigiu uma estridente defesa da política britânica na Guerra dos Bôeres, um ato de xenofobia retórica que lhe conquistou o título de cavalheiro em 1902.

Concorreu duas vezes ao Parlamento. Tudo ia bem até a morte do filho e do irmão na Primeira Guerra Mundial. Doyle sentiu tanto que deu as costas para uma vida de pensamento racional e abraçou o espiritualismo e a comunicação com os mortos. Certa vez, quando palestrava no Carnegie Hall de Nova York, foi interrompido por um assovio alto e agudo. Imaginando que seria uma mensagem do além, ele ficou bastante agitado, mas logo se soube que era apenas um problema num aparelho auditivo de um senhor da plateia. O riso foi geral e os jornais usaram a anedota como mais uma evidência de que o criador de Sherlock Holmes estava com um parafuso a menos.

Para uma alma tão sensível e frágil quanto a dele, não foi possível manter a racionalidade diante de uma realidade tão dolorosa. Nem mesmo a genialidade que o levou à fama foi capaz de salvá-lo do escárnio do público. É. A vida nos surpreende o tempo todo. Nada nela é definitivo. Felizmente, o tempo fez justiça ao autor e Sir Conan Doyle é hoje lembrado pela brilhante obra e respeitado pelo cavalheiro que foi ao longo da vida.​

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

A memória da escrita

Próximo

Sabor de erva-mate

Deixe seu comentário